O medo e fascínio que os escorpiões causam ao homem são relatados desde os
tempos remotos e estão associados a mitos, mistérios e temores. São artrópodes de
ocorrência mundial. No Brasil é mais comum a presença de duas espécies nas áreas
urbanas, o escorpião amarelo (Tityus serrulatus) e o escorpião marrom (Tityus
bahiensis).
Os escorpiões possuem um tamanho irregular variando entre 10 a 12 cm. O abdome é
amplamente ligado ao cefalotórax e é diferenciado em duas porções, uma porção
anterior larga, com 7 segmentos e uma porção posterior muito mais estreita, com 5
segmentos que termina em um ferrão (télson). Possuem duas estruturas grandes em
forma de pinça denominados pedipalpos. Esse arranjo corporal apresenta
achatamento dorsal-ventral permitindo aos escorpiões uma grande capacidade de
ocupação de fendas e frestas (propriedade muito útil na adaptação de vida em
condições urbanas).
Na parte ventral desses animais existe uma estrutura de destaque, os pentes, a mais
importante e peculiar ferramenta sensorial exclusiva dos escorpiões. Essa estrutura –
mecanorreceptora torna o escorpião muito sensível a mudanças no ambiente, além de
permitir a eles uma perfeita leitura do local, identificando presas e predadores,
compostos químicos, variações climáticas e outros.
Carnívoros, são predadores noturnos de baratas e invertebrados, com auxílio de suas
pinças seguram suas presas para injetar seu veneno com propriedades paralisante.
Muito bem adaptados os escorpiões são artrópodes com boa capacidade de acúmulo
de energia o que lhes permite ficar longos períodos imóveis em seu esconderijos
(locais escuros e úmidos).
Em conjunto com sua estrutura corporal, sua coloração, sua capacidade de ficar
imóveis a colonização preferencial por diferentes tipos de encanamentos (pluviais,
esgotos e elétricos) e seus hábitos noturnos fazem dos escorpiões verdadeiros
fantasmas.
Os escorpiões normalmente não atacam o homem, mas o ferroam quando sentem-se
ameaçados, portanto em áreas de incidência de escorpiões o cuidado deve ser
redobrado ao manusear, pedras, tábuas e objetos entulhados. Segundo dados
levantados pela organização mundial de saúde os acidentes causados por escorpiões
vem ganhando destaque, em especial nas áreas urbanas, isso porque esses animais
se adaptaram a viver amplamente no interior de porões, shafts, caixas, armários e
locais outros locais associados as edificações humanas.
Texto produzido pelo Biólogo Insetan José Júnio Silva
Referências:
Freire-Maia, L. & Ferreira, M. C. Estudo do mecanismo da hiperglicemia e da
hipertensão arterial, produzidas pelo veneno de escorpião, no cão. Mem. Inst.
Oswaldo Cruz, v.59, p. 11-22,1961.
Lira-da- Silva, R. et. al. Acidentes Por Escorpião Na Cidade Do Sal Acidentes Por
Escorpião Na Cidade Do Salvador, Bahia, Brasil (1982 – 2000). Gazeta Médica da
Bahia. v. 79 (Supl.1), p.43-49, 2009.