Público que visitou local reclamou de falta de sinalização sobre precauções
O domingo, normalmente, é dia de caminhada e de passeios lotados por quase toda a orla da lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte. Nesse (25), porém, não havia muito movimento, principalmente por conta da confirmação, na última quinta-feira, de mais um caso de febre maculosa – desta vez na própria orla e não no Parque Ecológico.
“Comparando com a semana passada, caiu demais o movimento. Mais da metade. Muita gente está com medo desses carrapatos aqui, viu. O povo sumiu”, afirmou o vendedor de cocos Cleantes de Almeida, 70. Para quem esteve no local, a falta de informações era a principal queixa.
“Acho que poderia ter uma placa ou funcionários da prefeitura informando o que está acontecendo, as medidas, e os locais que deveriam ser evitados. Eu estou correndo aqui, mas evitando pisar na grama”, disse o administrador André Ferreira, 32.
Outros cuidados também foram tomados por alguns frequentadores, que ao invés de bermuda curta, optaram por usar calças e meias cumpridas. “Tem que prevenir de alguma forma. Não sei se hoje está mais vazio por causa dessa questão, mas acho que esse tempo nublado também ajudou a esconder o povo”, disse a secretária administrativa Helena Teixeira, 43.
Em entrevista a O TEMPO, na edição do último sábado, o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, afirmou que a região deveria ser evitada, pois o número de registros era “suficiente para um alerta”. “Não existe parâmetro para definir um surto de febre maculosa. Poucos casos já devem servir de alerta porque estávamos em uma situação de zero casos em 2015”, disse.
Urbano ponderou que o mais prudente é evitar a permanência prolongada na região, principalmente no gramado da orla e do Parque Ecológico. Outro cuidado é evitar o contato de animais de estimação com a vegetação, já que eles também podem ser hospedeiros do carrapato-estrela, que transmite a bactéria causadora da doença.
O especialista explicou que para transmitir a doença, o carrapato precisa ficar preso à pele por cerca de quatro horas.
Entenda. Há 12 dias foi confirmado, por exames, que o garoto Thales Martins Cruz, 10, morreu por febre maculosa. Neste período, a prefeitura isolou algumas áreas do Parque Ecológico, intensificou a poda do gramado e aplicou carrapaticida no local. Na orla, as medidas ainda não foram adotadas e não há data prevista. No dia 22 deste mês, a prefeitura confirmou mais um caso da febre, de um funcionário de aeronáutica, de 54 anos, que pegou um carrapato quando estava na orla da lagoa. Ele teve alta do hospital e já voltou aos trabalhos.
Suspeita
Pacientes. Dois pacientes, de 35 e 84 anos, com suspeita da doença, receberam alta na semana passada. Os exames para confirmar os diagnósticos ainda não ficaram prontos.
Laudo sobre a orla só sai nos próximos dias
O laudo da prefeitura que irá medir o grau de proliferação do carrapato e o risco de transmissão da febre maculosa na Lagoa da Pampulha será divulgado nesta semana. Uma vistoria feita no local nos últimos dias, com coleta de material, está sob análise do serviço de zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA).
Não se sabe ainda se haverá interdição de pontos. Placas informativas sobre precauções na orla estão sendo elaboradas e passarão por avaliação da Fundação Municipal de Cultura. (Luciene Câmara)
Registro. Os últimos registros de febre maculosa na capital mineira foram em 2011. Só neste ano, a cidade já teve quatro casos da doença, com dois óbitos.
Fonte: http://www.otempo.com.br/cidades/medo-de-carrapato-e-febre-maculosa-afasta-popula%C3%A7%C3%A3o-da-lagoa-1.1376688