A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou um documento com recomendações para médicos e pais ou responsáveis que precisam oferecer socorro a crianças e adolescentes vítimas de picadas de insetos. Trata-se de mais uma contribuição da entidade com o processo de educação continuada dos especialistas e a segunda elaborada pelo Departamento Científico de Dermatologia nesta gestão.
O trabalho pelo grupo que conta com a coordenação da dra Vânia Oliveira de Carvalho. Além dela, participam do DC de Dermatologia: a dra Ana Maria Mosca de Cerqueira (secretária); e os drs Ana Elisa Kiszewski Bau, Antônio Carlos Madeira de Arruda, Jandrei Rogério Markus, Marice Emanuela El Achkar Mello e Matilde Campos Carrera (membros do DC).
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De acordo com os autores, os insetos representam uma das classes mais numerosas do reino animal e seu inevitável contato com os seres humanos é sinônimo de exposição a picadas que podem provocar de lesões imperceptíveis a reações graves. “A reação de hipersensibilidade a antígenos existentes na saliva de insetos é conhecida por prurigo estrófulo ou urticária papular. Na presença de um número suficiente de picadas de insetos em indivíduos suscetíveis ocorrerá a doença que é caracterizada por uma erupção papular crônica e/ou recidivante, pruriginosa, que ocorre entre o segundo e o décimo ano de vida. É queixa frequente nos consultórios de pediatria trazendo angústia para aos pais e desconforto para a criança”, alerta o texto.
ORIENTAÇÕES – No documento científico, entre outros pontos, estão descritos os principais sintomas e formas de manifestação do problema. Os autores ainda descrevem os agentes envolvidos neste processo e as repassam informações sobre como acolher e encaminhar os pacientes e seus familiares. “Algumas orientações devem fazer parte do tratamento sendo recomendado em publicações os 3 Ps: prevenção da picada, controle do prurido e paciência”, aconselham os especialistas.
O DC de Dermatologia explica ainda que “as lesões surgem alguns dias após as picadas e que a reação pode durar algumas semanas quando não tratadas adequadamente”. Segundo os especialistas, evitar a picada é o tratamento mais eficaz. Deste modo, a orientação de medidas ambientais é um passo importante. Por exemplo, as roupas podem ser uma barreira física quando são usadas mangas longas e calças compridas em locais de maior exposição aos insetos como nas áreas rurais. Por outro lado, as vestimentas finas e mesmo transparentes têm pouco benefício na prevenção das picadas.
Também são feitas orientações sobre os cuidados com o ambiente onde estão pacientes e insetos. As dicas incluem instalação de telas nas janelas ou de mosquiteiros sobre as camas para impedir a entrada de insetos voadores. Sugere-se, ainda, que nos períodos do nascer e do pôr do sol as janelas fiquem fechadas, a climatização dos cômodos da casa e a a dedetização por empresa especializada, “seguindo-se as orientações de tempo de afastamento da casa e limpeza”.
TERRENO DE CASA – A limpeza da casa e de seus arredores precisar ser uma preocupação, afirma o DC de Dermatologia. O grupo pede aos pais que observem o estado do terreno da casa e, se possível, de lotes ou propriedades próximas, evitando-se a presença de entulho e do acumulo de água. Outra medida preventiva importante é tratar os animais de estimação para eliminação de pulgas e parasitas.
No material divulgado pela SBP, ainda há um tópico específico para os repelentes, aplicados diretamente sobre a pele ou em locais e objetos de uso constante. Também há informações sobre as faixas etárias adequadas para uso e critérios de segurança do produto.
“Os óleos naturais são os mais antigos repelentes conhecidos e parecem ter eficácia razoável. Porém, por serem altamente voláteis (evaporam rápido), protegem por pouco tempo. Um estudo mostrou que o óleo de soja a 2% conferiu proteção contra o Aedes por quase 1 hora e meia. O óleo de citronela por evaporar muito rápido, fornece proteção muito curta. Óleo de andiroba puro mostrou ser muito menos efetivo”, acrescentou.
Contudo, o DC de Dermatologia alerta que o uso de repelentes pode causar reações alérgicas locais e sistêmicas, devendo ser usados com cautela e, preferencialmente, com a orientação do Pediatra. Entre as recomendações que devem ser feitas aos pais constam: nunca aplicar na mão da criança para que ela mesma espalhe no corpo, evitando-se que esfreguem nos olhos ou coloquem na boca; aplicar a quantidade e intervalo recomendados pelo fabricante; não aplicar próximo da boca, nariz, olhos ou sobre a pele traumatizada; não permitir que a criança durma com o repelente aplicado.
Fonte: SBP Comunicação