Com a chegada da Primavera, o dia a crescer e as temperaturas a subir, o período de dormência do ciclo vegetativo das plantas é quebrado e começa todo um desenvolvimento dos gomos vegetativos (florais e foliares). Durante este período, o correto desenvolvimento fenológico das plantas pode ser afetado pelo ataque de diferentes pragas e doenças, que também nessa altura começam a proliferar-se. Como tal, é importante ter conhecimento dos problemas fitossanitários que podem surgir de forma a antevê-los e, assim, aplicar os fitofármacos nas alturas mais adequadas, aumentando, por conseguinte, a eficiência das aplicações e diminuindo os gastos associados à compra dos produtos.
Identificação
Os afídeos são uma das pragas com maior importância para as hortas e jardins, principalmente quando se tratam de plantas jovens, com pouca vegetação e cuja resistência para aguentarem o ataque destes insetos é ainda muito reduzida.
Esta praga está diretamente associada aos tecidos mais tenros das plantas, nomeadamente, aos gomos foliares e florais em desenvolvimento, folhas jovens e flores. As colónias são encontradas, geralmente, na página inferior das folhas.
Em condições adequadas, estes diminutos insetos reproduzem-se rapidamente, formando grandes populações que se alimentam da seiva que extraem principalmente das folhas tenras.
Sintomas
Um dos principais sintomas do ataque destas pragas é a deformação e o enrolamento em espiral das folhas que resulta das toxinas que os afídeos injetam nestas, aquando da sua alimentação.
No geral, o ataque intensivo desta praga pode levar à queda das folhas, frutos recém formados e flores. As plantas diminuem o seu vigor vegetativo e como consequência produzem menos flores e frutos.
Um sintoma indireto do ataque dos afídeos é a chamada “fumagina”. Ao alimentarem-se, os afídeos segregam uma substância açucarada que serve, posteriormente, de alimento a um fungo, ou um conjunto de fungos. Estes fungos formam uma capa negra sobre as zonas atacadas que vai reduzir a capacidade fotossintética, a respiração e transpiração da planta, fatores que levam, uma vez mais, a um decréscimo no crescimento e capacidade produtiva das plantas.
Para além dos fungos, também as formigas, que percorrem as nossas plantas, procuram estas substâncias açucaradas segregadas pelos afídeos. As formigas, no fundo, não são o nosso problema. Elas não são mais do que bons indicadores de que os afídeos ou outros insetos picadores-sugadores estão a afetar as nossas culturas.
Tratamento
Culturalmente devem-se evitar excessos de adubação azotada e podas excessivas que venham a provocar o vigor excessivo das plantas.
As placas cromotrópicas amarelas podem ser uma solução biotécnica para atrair estes insetos, afastando-os das nossas culturas e, ao mesmo tempo, funcionam como uma boa forma de fazermos o controle das populações existentes.
O bom senso é muito importante quando se pretende avançar para os tratamentos com fitofármacos.
É necessário ter em atenção a dimensão e a robustez das plantas em questão e observá-las no seu todo para se ter uma noção da quantidade de órgãos vegetativos atacados por esta praga.
As árvores, arbustos grandes e outras plantas de grande porte, geralmente conseguem resistir bem ao ataque destes insetos e, esteticamente, os sintomas provocados acabam por não ter grande impacto.
Quando se tratam de plantas mais pequenas, cuja rebentação nova está praticamente toda colonizada por afídeos, aí sim, muito provavelmente temos de avançar para um tratamento com efeitos mais imediatos, justificando-se a utilização de um fitofármaco.
Existe uma grande diversidade de produtos comerciais homologados para o combate a afídeos, dependendo das culturas que queremos tratar.
O ideal será escolher um local especializado que tenha ao seu serviço um técnico responsável e com o conhecimento necessário para lhe indicar o melhor produto a utilizar, de acordo com a cultura que pretende tratar.
Há que respeitar sempre as quantidades de aplicação que vêm mencionadas nos rótulos e deve-se, também, ir variando o produto comercial, de forma a utilizar produtos com diferentes substâncias ativas.
Tal como acontece com os antibióticos, nos humanos, se se utilizar sempre o mesmo produto comercial, com a mesma substância ativa, pode ocorrer alguma resistência das pragas em relação ao produto e este deixar de surtir o efeito desejado.
E convém não esquecer: plantas saudáveis, jardins felizes!