Aranhas zumbis são mais reais que você imagina. E o mais curioso é quem estar por trás disso: as vespas. Elas, as vespas, são bichos fascinantes e, em certa medida, assustadores. A ciência sabe que diferentes espécies de vespas são capazes de escravizar baratas, aranhas e outros tipos de insetos e aracnídeos ao inoculá-los com toxinas. Os bichos se transformam em zumbis da vida real, prontos a morrer por seus mestres. Um grupo de cientistas da Universidade de Kobe, no Japão, decidiu estudar a interação – um tanto quanto perturbadora – entre a aranha Cyclosa argenteoalba e a vespa Reclinervellus Nielsen. Aranhas não costumam despertar a simpatia das pessoas. Nesse caso, elas são as vítimas.
Aranhas zumbis: como elas se transformam
A larva desse tipo de vespa obriga a aranha a construir um ninho confortável, semelhante a um casulo, onde ela poderá crescer em segurança. Depois de cumprir a tarefa, a aranha se acomoda no centro do casulo, onde serve de alimento para a larva. A vespa, assim, cresce feliz e faceira. O cientistas já conheciam essa história. A novidade descoberta pelos pesquisadores em Kobe diz respeito à engenhosidade desse mecanismo: a larva é capaz de forçar a aranha parasitada a construir uma versão mais resistente e mais chamativa de teia. A pesquisa foi publicada no periódico The Journal of Experimental Biology.
As C. argenteoalba produzem uma série de diferentes teias ao longo da vida, cada qual com uma função. Há teias discretas para a caça, e há teias resistentes para repouso. O pesquisador Keizo Takasuka queria descobrir quais tipos de teias as vespas oportunistas aproveitavam para seus próprios fins. Takasuka recolheu aranhas e parasitas entre maio e julho – meses quentes no hemisfério norte – e levou-as para o laboratório.
A ideia era identificar padrões nas teias construídas pelas aranhas zumbis. O pesquisador notou que os casulos fabricados são muito parecidos com as teias que as aranhas usam para descanso. O curioso é que eles não são produzidos do zero – são feitos, ao custo de 10 horas de trabalho, a partir da estrutura de uma teia de caça. Ela é modificada para ficar mais chamativa, com estruturas fofinhas à mostra.
Ao iluminar a estrutura com luz negra, o pesquisador descobriu que os casulos brilhavam, algo que não ocorre com as teias normais dessas aranhas. O objetivo do brilho é chamar a atenção de outros insetos. Ao perceber a presença da teia, os insetos vão evitar a estrutura e, com sorte, deixar a larva de vespa confortável e imperturbável em seu interior.
Takasuka também notou que esses casulos são mais resistentes que as teias de descanso comuns. Eles são reforçados com camadas adicionais de seda. A seda das aranhas é um material resistente. Com o reforço, o casulo feito para abrigar a larva fica entre 2,5 e 40 vezes mais forte. Para a vespa isso é importante, já que o casulo vai proteger a larvar por 10 dias.
Depois de terminado o trabalho, a larva força a aranha a se recolher para o centro do casulo. Lá, confortavelmente instalada, ela devora as aranhas zumbis.
Fonte: Pragas Online