Caramujos, lesmas e caracóis são moluscos presentes em praticamente todos os estados brasileiros. Sua proliferação acontece principalmente em regiões mais úmidas ou em épocas em que as temperaturas estejam mais amenas.
Sejam em áreas rurais, onde as lesmas podem afetar o plantio de diversas culturas como soja, feijão, amendoim e café, ou em ambientes urbanos, em que o grande vilão é o caramujo-africano (Achatina Fulica), que pode transmitir doenças. Estes animais podem se tornar pragas quando sua população aumenta desordenadamente.
Um dos motivos que causam o descontrole é a redução dos chamados “inimigos naturais”, animais que são predadores das lesmas.
Ataque de lesmas causa prejuízo à agricultores
No ano passado, agricultores de Simonésia, na Zona da Mata, sofreram as consequências do ataque de lesmas. O técnico da Emater, Ricardo Vitarelli, em entrevista à repórter Fernanda Pônzio no programa InterTV Rural, disse que a praga é de difícil controle, principalmente se o ataque for de grandes dimensões. “Para estes casos, é necessário o manejo integrado, quando várias técnicas são utilizadas a fim de reduzir ao máximo os prejuízos que esta praga pode causar”, esclarece.
Quando o ataque acontece em menores proporções, ou em ambientes com um tamanho reduzido é possível utilizar algumas técnicas para minimizar os efeitos do ataque das lesmas. (Abaixo daremos algumas dicas).
Caramujo-africano é vetor de doenças
Se as lesmas causam dor de cabeça aos agricultores, nas cidades, quem tira o sono da população é outro molusco. O caramujo africano. Ele foi introduzido no Brasil para ser comercializado como escargot, mas pouco tempo depois se descobriu que a espécie não é comestível. Além disso, o caramujo africano pode transmitir doenças como a meningite eosinofílica, angiostrongilíase abdominal e causar queimaduras na pele em caso de contato.
Como no Brasil não há um predador natural, a proliferação acontece de maneira bastante rápida. A cada dois meses, um caramujo põe 200 ovos. Em cinco meses, os filhotes ficam adultos e começam a se reproduzir. O caramujo-africano também é responsável pela destruição de jardins e hortas em ambientes urbanos.
Em araxá, na região do triângulo Mineiro, há mais de uma década são registrados focos de ataques deste molusco. Segundo especialistas, a coleta dos animais não é um procedimento correto. O caramujo deve ser incinerado e as conchas devem ser destruídas, pois podem servir de criadouros para o mosquito transmissor da dengue e das febres chikungunya e amarela.
Dicas para acabar com lesmas e caramujos
Algumas dicas podem ajudar a reduzir as consequências causadas por lesmas e caramujos em infestações no campo. Mas que podem ser aproveitadas nos casos em que a praga ataca jardins e hortas urbanas. As orientações são da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa).
- Armadilhas feitas com estopas ou panos embebidos em cerveja ou leite devem ser distribuídas sobre a superfície do terreno e ao redor das plantas, ao anoitecer. No dia seguinte, bem cedo, deve-se virar a estopa ou o pano e recolher as lesmas e caracóis que se abrigaram embaixo da armadilha. Estas pragas devem ser enterradas em valas distantes de poços ou cisternas e cobertas por uma camada de cal virgem não muito espessa.O processo de coleta deve ser repetido diariamente para a eliminação efetiva dos caramujos e lesmas. Não é recomendado o uso de sal de cozinha sobre o solo ou sobre a plantação. Além de não ter o efeito desejado, pode contaminar o solo e águas superficiais e subterrâneas, assim como também danificar as plantas. O procedimento de coleta, manuseio e eliminação de lesmas e caramujos deve ser feito com as mãos protegidas por luvas ou sacos plásticos. Ao final da atividade, deve-se descartar as luvas e lavar bem as mãos.
- Alternativamente, a colocação de restos de hortaliças como talos, folhas e outros sobre jornais ou lona plástica, também servem como atrativos às lesmas e caramujos.
- Uso de iscas dentro de caixinhas ou latas destampadas e enterradas na superfície do solo ao longo de toda a horta. A isca pode ser uma pequena quantidade de cerveja ou uma hortaliça, como o chuchu, misturada com sal. As lesmas e os caracóis são atraídos pela isca e pela ausência de luz e morrem por causa do sal no fundo do recipiente.
- Distribuição de pedaços crus de abóbora ou chuchu nos canteiros da horta no final da tarde, procedendo-se no dia seguinte à coleta de lesmas e caracóis presentes sobre as iscas.
- O uso de faixas de cal extinta de, pelo menos, 20 cm de largura ao redor da cultura após cada chuva ou semanalmente.
Em Belo Horizonte, salienta o Engenheiro Agrônomo e Analista Técnico da Insetan, Dhiego Freitas Rocha, não existem grandes infestações por caramujo africano.
