Era alto verão. E como em todos os verões, a casa estava infestada de moscas. Para este fim de ano, no entanto, Thaís se armou com tudo o que conseguiu encontrar nas lojas onde se poderia encontrar esse tipo de coisa. Estava preparada.
E numa tarde particularmente escaldante, se viu rodeada por dezenas delas. Começou pegando um aerossol. Espirrou o conteúdo como se fosse a coisa mais importante a fazer no momento. E, para seu alívio, os bichinhos foram se dispersando. Quase incrédula, deitou-se no sofá e ficou apreciando aquele lugar livre de moscas. Até sentir algo passar pela sua cabeça. O efeito passara, e a sala estava novamente repleta de moscas.
Acendeu então as velas de citronela. As pragas mais uma vez deixaram o local. E Thaís voltou a se sentir livre. Mas não por muito tempo. Vendo as moscas se agrupando na janela, correu para outro cômodo e só voltou com uma raquete mata-moscas nas mãos.
Corria de um lado para o outro dando golpes no alto. Parecia louca. E talvez estivesse mesmo, pois, na parede em frente ao sofá, todas elas se agrupavam formando letras. Eis que diziam:
“DESISTA, SE QUER MESMO ACABAR COM A GENTE, LIGA LOGO PRA INSETAN”
Loucura ou não, de uma coisa Thaís sabia: era melhor seguir a dica.