Ao longo de sua evolução a humanidade vem utilizando constantemente a madeira, a
qual se faz presente na construção civil, em mobiliário e até mesmo em obras de arte.
Várias características desse material fizeram com que ganhasse esse destaque de
utilização, como por exemplo, alta resistência fisco-mecânica em relação ao seu peso,
boa trabalhabilidade, custo quando comparado a outros materiais.
Sobretudo, a madeira, assim como outras matérias está sujeita a alterações que
ocorrem ao passar do tempo. Essas alterações são produzidas por diversos agentes
sendo que aqui focaremos em ataques de cupins. O controle deste inseto é um dos
principais serviços solicitado às empresas de controle de pragas urbanas e é um dos
mais difíceis de executar.
Cupins são insetos que se alimentam de madeira e outros componentes celulósicos,
em seu habitat natural desempenham papel importante ao converter restos de
vegetais e árvores mortas em matéria orgânica (húmus) que é um dos principais
componentes do solo.
São insetos sociais contendo indivíduos de diferentes castas: Os operários que
formam a casta mais numerosa e se ocupam da obtenção de alimento, construção e
reparação do ninho e túneis, cuidados com a prole e fornecimento de alimento às
outras castas. Os soldados que são os responsáveis pela guarda do ninho e pela
proteção dos operários durante o forrageamento. E reprodutores (reis e rainhas):
encarregados de gerar novos indivíduos para multiplicação das colônias.
No Brasil não existe levantamento dos prejuízos causados por ataques de cupins,
porém estima-se algo entorno de US$ 30 milhões por ano, considerando tratamento
preventivo, corretivo e reposição de materiais danificados.
Três grupos cupins são os mais importantes no Brasil pelo nível de dano causado e
pela progressiva dispersão rumo a novos áreas urbanas. Dois grupos pertencem a
espécies exóticas; isto é, oriundas de outros países: o cupim de madeira seca
Cryptotermes brevis e o cupim subterrâneo Coptotermes gestroi. O outro é nativo;
representado por um conjunto de espécies arborícolas do gênero Nasutitermes.
CUPINS DE MADEIRA SECA – Cryptotermes brevis
Esses cupins habitam apenas madeira trabalhada não ocorrendo em árvores. É uma
espécie que apresenta colônia pequena, normalmente restrita a pequenas peças de
madeira.
Provavelmente de origem Jamaicana este cupim constrói câmaras para eliminar suas
fezes (bolinhas da cor da madeira infestada). As fezes são eliminadas das câmaras a
partir de pequenas aberturas as quais são fechadas pelo cupim após seu
esgotamento. Esse comportamento é o sinal mais típico de infestações.
A invasão ocorre no período de revoada dos cupins (agosto e setembro, entre 18 e 19
horas) quando os reprodutores se encontram e formam novas colônias. Os casais se
instalam preferencialmente nos encaixes das peças essas que podem ser batente de
portas e janelas, armários embutidos, forros de madeiras e mobiliários.
Estantes de livros e/ou acervos que não são utilizadas com frequência podem se
tornar alvos dos cupins devido a farta quantidade de material celulósico. Por isso
recomenda-se a limpeza e organização desses locais afim de evitar o estabelecimento
de colônias.
CUPINS ARBORÍCOLA – Nasutitermes sp.
Representado pelos cupins do gênero Nasutitermes sp. popularmente são conhecidos
como cupins arborícolas sendo registrados causando prejuízos especialmente as
edificações próxima á áreas de vegetações. Constroem tuneis de material cartonado e
escuro, sendo um ótimo indicativo de sua presença.
A maioria das espécies desse gênero constróem ninhos exógenos, isto é os típicos
ninhos arborícolas arredondados e escuro, visíveis em árvores, postes, beiras de
telhados, etc. Algumas espécies constróem ninhos policálicos, isto é, composto de
várias unidades conectadas ente si atraves dos túneis de forrageamento.
Seu controle é difícil pois seus ninhos são policálicos, cada cálie com ao menos uma
rainha é denominado ninho satélite ou secundário. A coexistência de várias rainhas
funcionais em uma mesma colônia proporciona ninhos ricos em indivíduos, e seu
controle exige destruição de todos os ninhos bem como de suas rainhas funcionais.
CUPINS DE SOLO – Coptotermes sp. e Heterotermes sp.
A família Rhinotermitidae compreende os cupins subterrâneos, sendo que os cupins
do gênero Coptotermes sp. são a espécies-praga causadora de grandes prejuízos
econômicos em todo o Brasil em especial na região sudeste.
Coptotermes gestroi atualmente é a espécies de cupins de maior importância
econômica no Brasil, são denominadas cupins subterrâneos, pelo fato de seus ninhos
serem construídos no solo.
Essa espécie constrói ninhos com muitos indivíduos e separados de suas fontes
alimentares e estes ninhos podem ser subterrâneos ou aéreos. Os ninhos aéreos
podem ser construídos em poços de ventilação e caixas de eletricidade e em espaços
estruturais de prédios e edificações. Nas áreas urbanas do Brasil, colônias de C.
gestroi também mostram infestações mistas, ou seja, constituídas tanto por ninhos
subterrâneos como aéreos.
Esses cupins são tão vorazes que chegam a construir de 30 a 50 metros de galerias
(túneis) a procura de alimento, transitando entres espaços existentes na rede
hidráulica e elétrica, pelas trincas e fendas e pontos típicos das edificações.
Diferente dos cupins de madeira seca os cupins de solo, quando chegam a uma peça,
causam grades estragos porque suas colônias são numerosas. Muitas vezes, se não
for controlado em tempo podem causar danos irreparáveis a peça.
Também pertencente à família Rhinotermitidae os cupins do gênero Heterotermes sp.
os quais vem sendo identificados como causadores de danos nos centros urbanos,
porém em escala muito menor do que C. gestroi.
O controle de cupins requer técnicas e conhecimentos específicos, onde a base do
controle inicia-se com identificação da espécie. Após a identificação é traçada
metodologia especifica para controle de cada cupim, uma vez que é observado
mudanças no comportamento das espécies.
Quando constado infestação em uma peça ou mobília o tratamento deve ser voltado
para esse material, assim eliminam-se os cupins e imuniza a madeira contra possíveis
ataques.
 
Texto produzido pelo Biólogo Insetan, José Júnio SIlva
 
Referências
Fontes, L.R.; Araújo, R.L. Os cupins. In: MARICONI, F.A.M. (Cord). Insetos e outros
invasores de residências. Piracicaba, SP: FEALQ, v.6, p. 35-90, 1999.
Costa-Leonardo, A.M. Cupins-Praga: Morfologia, Biologia e Controle. A. M. Costa
Leonardo (Ed.), Rio Claro, 128, 2002.
Lima, J.T. Pontos polêmicos acerca do forrageamento de cupins subterrâneos
(Isoptera: Rhinotermitidae): consumo de alimentos similares, reutilização de iscas e
tunelamento em solos não uniformes. 131f. Tese. Instituto de Biociências,
Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2010.