Mais um daqueles casos em que o cliente tentara de tudo para acabar com os insetos. Depois de litros de inseticidas, corridas incessantes de chinelo na mão, raquetes e receitas caseiras da vovó, as pragas ainda insistiam em subir pelas paredes, atacar os alimentos, andar enfileirados em busca de esconderijo e consumir a madeira dos móveis. Um horror.
Mas apesar de tudo, o Exterminador foi recebido por um sorridente Luiz naquela tarde. O cliente exibia o resultado de um clareamento nos dentes. Acostumou a mostrar a arcada, branca como o açúcar que as formigas atacavam, até quando não se demandava. A boca ficava aberta. Sempre.
Ao mesmo tempo em que observava toda aquela brancura, percebeu a nuvem de cupins a persegui-lo. De fato, haviam muitos insetos na casa. Melhor ir ao trabalho, pensou o Exterminador entrando na casa e desaparecendo no interior dela. Tudo feito, Luiz se despediu com uma abertura tão larga na boca que parecia que ela alcançava as orelhas. Ainda que de modo estranho, estava ali estampada a satisfação com o serviço.
Tudo em paz. Até a semana seguinte.
– Alô? Insetan? Olá, aqui é o Luiz. Não deu certo, eles voltaram.

Tão logo desligou o telefone, o Exterminador seguiu para a casa do cliente sorridente. Enquanto dirigia, não conseguia acreditar que não resolvera o problema. Só podia ser um engano, tranquilizava a si mesmo. Quando chegou, um sorriso gigante surgiu a porta e estava mesmo acontecendo: uma nova nuvem de cupins sobrevoava a cabeça de Luiz.