Depois de muio adiar, o Exterminador decidiu finalmente visitar a irmã. Fazia um longo tempo desde o último reencontro. Na estrada, a paisagem de vales e montanhas o fez pensar na cidadezinha-destino na qual passara a infância. Ali, onde vivia, era nada mais que uma pequena vila que carregada de lendas e costumes peculiares. Foram muitas as brincadeiras e as tardes mágicas da infância vividas ali.

Mas o que, certamente, ficou guardado com marcas mais profundas em sua lembrança é o que todos os moradores dali têm em comum: a paixão pelos livros. Toda sala de estar de cada casinha que compunha o vilarejo abrigava uma pequena biblioteca. Sempre muito bem cuidada e com livros que, muitas vezes, estavam na família há gerações.

Quando chegou, nada além da surpresa ao vê-lo ali depois de tento tempo, acusava algo de estranho que acontecendo na cidadela. Depois de acomodado, resolveu coletar nas ruas os rumores mais recentes e furtivos dos moradores. Concluiu que não havia melhor momento para a sua chegada. Descobriu que, naquele verão, um fenômeno estranho deixava os moradores em polvorosa: as bibliotecas estavam, uma por uma, sendo atacadas por traças. Mas o curioso é que, em todas elas, um, apenas um livro, dentre tantos dispostos nas estantes, era devorado. De cada acervo, apenas um livro era destruído.

Como bom entusiasta de desafios, o Exterminador acabou por percorrer todas das casinhas, examinou todas as bibliotecas, conversou com todos os moradores e coletou todas os livros, ou o que sobrou deles, para vê-los mais de perto. Até que, certa madrugada, ainda sem solução para o mistério, começou a ligar os pontos: os livros atacados tinham algo em comum, todos os eles eram de mesmo título  “Memórias Póstumas de Brás Cubas”.  Então, o Exterminador logo se lembrou. Neste livro, Machado de Assis faz uma dedicatória pra lá de inusitada. Foi então que pegou um dos livros e leu:  

“Aos vermes…dedico estas Memórias Póstumas.”