A resposta é sim!

Muitas vezes viajamos para sítios, fazendas ou chácaras para descansar nos feriados e finais de semana com nossa família. E é nessa hora que devemos nos atentar para um problema que muitas vezes nem nos lembramos: os roedores silvestres e rurais. Essas pragas podem estar contaminadas com o Hantavirus, causador de uma doença chamada hantavirose, que é uma zoonose. Os roedores que transmitem essa doença são: Akodon spp, Bolomys lasiurus e Oligoryzomis sp. Os ratos que vivem na área urbana, como camundongos, ratazanas e ratos de telhado, não transmitem essa doença.

Bolomys lasiurus – um dos transmissores do Hantavirus
A transmissão da hantavirose ocorre quando o homem compartilha os mesmos ambientes dos roedores. Os ratos infectados armazenam o vírus na urina, fezes e/ou na saliva por muito tempo, provavelmente por toda a vida, sem serem acometidos pela doença. A infecção humana pode ocorrer a partir da inalação da saliva ou dos excrementos infectados, que dessecados, misturam-se no ar que respiramos.  Este é o modo mais comum de contaminação, porém pode-se infectar ao levar a mão à boca ou ao nariz após ter tocado a carcaça de um animal infectado ou materiais contaminados, também através do contato direto da pele danificada e da conjuntiva com estes materiais e, provavelmente, pela ingestão de água e alimentos contaminados. A mordedura de roedores infectados pode também transmitir o vírus armazenado na saliva.
Como se proteger?
Ao chegar a casas, galpões ou qualquer outro lugar que ficou fechado por certo tempo a primeira providência deve ser abrir portas e janelas para arejar o ambiente. Nunca varrer o local de imediato, pois isso provocará uma nuvem de poeira que pode estar contaminada pelo hantavirus.

 

Portanto, após arejar o local recomenda-se, antes de iniciar a limpeza, que se faça uma desinfecção do ambiente com detergente, álcool ou solução de hipoclorito (3 colheres de sopa de água sanitária para 3,5 litros de água), pois destroem o hantavirus.
Sintomas
Na sua forma pulmonar os primeiros sintomas percebidos são: febre alta, mal estar, indisposição, inapetência, dificuldade respiratória, dores musculares e dor de cabeça. É preciso ficar atento pois esses sinais podem ser confundidos com o de uma gripe forte. Pode ocorrer também hipotensão e choque.
Na forma renal a hantavirose apresenta inicialmente intensa cefaléia, febre, calafrios, hiperemia das conjuntivas (aumento de sangue na mucosa do olho) e, geralmente, falta de apetite e vômitos.
O período posterior à manifestação dos sintomas é caracterizado por oligúria transitória (diminuição do volume de urina) e hemorragias conjuntivais. O óbito pode ocorrer em sequência após um período prolongado de choque, por hemorragias, com complicações cerebrais e pulmonares, ou em decorrência de insuficiência renal.
Não existe vacina contra a hantavirose e é feito tratamento suporte e sintomático. Em virtude disso o controle de pragas nas áreas rurais deve ser feito sim, pois essa é uma forma de prezarmos pela nossa saúde, de nossos familiares e amigos.
Texto escrito por Felipe Drummond De Marco (Medicina Veterinária – Departamento Técnico da Insetan)