O cheirinho de casa nova estava no ar. O Exterminador conseguia ver ali a sala, a cozinha, os quartos e o banheiro de seu novo lar. E depois do enorme trabalho de empacotar e etiquetar as coisas e cuidar de toda mudança, a primeira reunião de condomínio pareceu algo fácil. Quem sabe a chance de finalmente descansar um pouco?
Estava enganado.
Numa sala apertada, as pessoas discutiam, esbravejavam, gesticulavam de modo frenético, o que fazia com que o lugar parecesse ainda menor.
-Um ninho! Meu apartamento parece um ninho de ratos! – vociferou Victor, o senhor do 203.
– Na minha cozinha há mais baratas do que eu posso contar!- disse a estudante do 307.
– Aranhas, ácaros e mosquitos estão fazendo a festa no meu apartamento! – gritou a dona do 101.
Era um único problema tomando conta da vida de todos. As pessoas discutiam soluções, brigavam entre si, faziam vista grossa à síndica. Tudo na mais perfeita falta de ordem. E mesmo com todo barulho, nada se resolveu. Os moradores, irados, se levantaram, seguiram para seus apartamentos sem a solução que queriam. A pequena sala ficou vazia.
A infestação era real e, mais cedo ou mais tarde, o telefone da Insetan iria tocar, pensou o Exterminador. E mesmo sabendo que, com isso, ainda mais trabalho estava por vir, ele apoiou os pés no encosto da cadeira vazia à frente.