Mosquitos adultos fêmeas podem repassar o vírus da zika para sua prole, disseram pesquisadores dos Estados Unidos nesta segunda-feira, uma descoberta que deixa clara a necessidade de programas de pesticidas que matem tantos os mosquitos adultos quanto os seus ovos.
A descoberta, publicada no periódico American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, mostra que, como ocorre com muitos vírus relacionados, incluindo o da dengue e o da febre amarela, o zika pode ser transmitido dos mosquitos fêmeas para a sua prole.
Robert Tesh, do departamento de medicina da Universidade do Texas em Galveston, um dos autores do estudo, declarou que o fato de o vírus poder ser repassado para a prole do mosquito torna o zika mais difícil de controlar.
“A pulverização afeta os adultos, mas não mata geralmente as formas imaturas, como ovos e larvas. Pulverização vai reduzir a transmissão, mas pode não eliminar o vírus”, afirmou ele.
Embora a zika cause no geral doença leve em adultos, ele é uma grande ameaça para gestantes porque tem sido mostrado que ele resulta em problemas graves para os bebês, como a microcefalia.
O atual surto de zika foi detectado primeiramente no ano passado no Brasil, onde o vírus foi associado com mais de 1.800 casos de microcefalia, e desde então se espalhou rapidamente pelas Américas.
O Aedes aegypti, o mosquito que transmite a zika, coloca ovos em pequenos acúmulos de água. As pessoas têm sido aconselhadas a esvaziar recipientes de água nas suas casas. Quando a água se acumula, os ovos formam um anel em volta da linha da água, onde eles permanecem dormentes até a próxima chuva, quando eles podem se abrir.
Cientistas que estudam a zika queriam descobrir se alguma parte da prole desses mosquitos tropicais poderia carregar o vírus, ajudando a perpetuar o surto durante as estações secas.
Para isso, pesquisadores injetaram a zika em mosquitos Aedes aegypti fêmeas criados em laboratório. Eles foram alimentados e, em uma semana, colocaram ovos. A equipe coletou e cuidou dos ovos até eles darem vida a mosquitos adultos, quando ela contou o número deles que carregava o vírus.
Em cada 290 mosquitos testados, eles encontraram o vírus em um mosquito.
“A proporção pode parecer baixa”, disse Tesh, “mas, quando você leva em conta o número deAedes aegypti numa comunidade urbana tropical, ela é provavelmente alta o suficiente para permitir que o vírus persista, mesmo quando os adultos infectados são mortos”.
Fonte: http://zip.net/bgtrJp