Com a chegada do verão, os centros urbanos sofrem com a proliferação de mosquitos. A cada ano, o incômodo com as picadas durante a noite parece se tornar mais insuportável. Fica a sensação de que ou os inseticidas não dão conta da demanda ou os insetos têm se tornado mais resistentes a eles.
Segundo especialistas ouvidos pelo R7, a resistência dos mosquitos aos sprays usados em casa para matá-los é uma realidade, mas não explica a alta proliferação. Esse fenômeno no verão está relacionado ao aumento das chuvas, o que propicia a concentração de água parada em quintais e ruas e, consequentemente, a formação de criadouros das larvas.
Wanderli Tadei, pesquisador do laboratório de malária e dengue do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), explica como os mosquitos se tornam resistentes.
— Em períodos de maior proliferação, agentes de saúde fazem procedimentos para poder destruir os criadouros por meio do descarte dos locais de concentração de água ou por meio da aplicação de inseticidas. E é a contínua aplicação desses inseticidas que leva à resistência dos mosquitos.
Tadei fala, ainda, que muitos dos inseticidas utilizados em casa têm os mesmos princípios ativos daqueles usados pelos órgãos públicos. Um exemplo são os feitos à base de piretroide, princípio ativo utilizado há cerca de 20 anos pelo Ministério da Saúde nos inseticidas do PNCD (Programa Nacional de Controle da Dengue) aplicados em municípios de todo o País.
— Essa junção da utilização do piretroide pelo programa e o uso em casa de inseticidas com esse princípio ativo acaba fazendo pressão para o aumento da resistência de mosquitos. Mas isso não significa que o inseticida comercial não mata mais mosquitos. Ele mata, mas não da forma que matava incialmente. […] Vale destacar que a resistência só surge com a contínua aplicação do inseticida durante muitos anos, não é de agora para daqui a pouco, não, são necessários mais de 15 anos usando o mesmo produto.
Segundo os especialistas, o indicado é que, nas casas, os consumidores variem os inseticidas usados, bem como fazem os órgãos públicos no combate aos mosquitos nas cidades. É o que explica o biólogo Roberto Martins Figueiredo, o Dr. Bactéria da TV Record.
— É preciso fazer rodízio de inseticida para não haver resistência. Existem várias técnicas de combate a insetos, como a pulverização; o polvilhamento, que aplica pó; e o fumacê, processo no qual o veículo que transporta o inseticida é a fumaça.
Alternativas
O Dr. Bactéria pondera que, por serem tóxicos em alto ou pequeno grau, os inseticidas podem causar reações alérgicas e problemas respiratórios nos seres humanos, portanto, devem ser evitados.
— É necessário colocar uma névoa de inseticida para o mosquito entrar em contato com a fumaça e morrer. Mas que ser humano sobreviveria a uma nuvem de inseticida? Esses remédios podem piorar a rinite e a asma, por exemplo.
Ele indica métodos alternativos, como a queima de casca de limão por meio de aparelhos elétricos vendidos no mercado.
— O odor de limão provoca o que chamamos de fago repelência, dá uma aversão à comida para o mosquito, que fica sem fome e não vai chupar o sangue. O alcance do odor é de 10 a 15 cm. O limão pode ser colocado perto do rosto, porque não faz mal e não ataca a respiração.
É possível, ainda, usar loções perfumadas nas partes do corpo que ficam expostas durante o dia e à noite, porque isso confunde os mosquitos. Plantar citronela em vasos fora de casa também afasta os insetos.
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