Da arquibancada não dava para ver bem o rosto das ginastas, mas as percebeu concentradas.
A competição de ginástica artística era a que Luísa mais gostava. E a felicidade de estar ali tão perto de tudo era enorme. Sentada na fileira mais alta com a mãe, via tudo lá embaixo como um palco aberto. Até aquele momento, estrelas da ginástica passaram por ali em saltos, piruetas e movimentos graciosos, um deleite para os olhos. Tudo estava perfeito.
Entretanto, quando no auge da competição, ouviu um zumbido atras de sua cabeça, depois ao lado, perto da testa e por fim na frente. No que viu um mosquito quase pousar em seu nariz. Tentou espantá-lo com a mão, ele desviou. Tentou capturá-lo fechando os dedos, ele saltou para trás. Tentou jogá-lo para longe fazendo a carteira de raquete, mas ele era rápido.
Chato o bastante para fazer Luísa desviar a atenção do tablado, o mosquito estava mesmo a perseguindo. A garota se levantou sob o olhar de reprovação das pessoas ao redor que queria ver a competição sem nenhuma Luísa lutando com um mosquito para atrapalhar a visão.
Mas era o que Luísa podia fazer. Agitava os braços, as pernas, rodopiava, se dobrava ao meio. Os mosquito ainda voando sobre ela, parecendo achar graça. A inquietação seguiu por vários minutos até a garota notar um silêncio cair pela arquibancada e sua mãe a lhe cutucar pela cintura. Quando caiu em si, viu milhares de olhos a observando. Até mesmo a ginasta que se apresentava parou para encará-la. De repente, todos arrebentaram em palmas. “Maravilhoso” “Uma verdadeira série artística” “Você deveria estar lá embaixo, garota”, ouvia dos desconhecidos à volta.
A sorte era que o Exterminador, que também assistia à competição, veio logo explicar a confusão. E livrar Luísa do mosquito.