Um estudo de doutorado sobre vírus em vetores da dengue, divulgado nesta semana pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), comprova o que a literatura científica ainda não tinha encarado: em uma única larva do mosquito da dengue, o Aedes aegypti, há mais de um sorotipo da doença.
A descoberta pode ser a chave de que autoridades de saúde precisavam para explicar os mistérios que rondam esse drama silencioso e repensar novas estratégias de ataque a este mal, que só neste ano foi responsável pela morte de 99 pessoas em Minas.
Com dois vírus, o potencial do mosquito pode ser ainda maior, como suspeitam os pesquisadores. Eles apontam que, com a descoberta, daqui para a frente novos estudos serão feitos na tentativa de identificar se as formas mais graves da doença estão relacionadas ao duplo poder do inseto.
Com a novidade, as pesquisas já caminham para responder a outras perguntas que podem nortear muitos trabalhos de combate ao inseto. “Quando o Aedes aegypti chega à fase adulta, será que ele transmite os dois vírus ou um anula o outro? Se comprovarmos que ele fica com maior potencial de contaminação, podemos, talvez, justificar a gravidade de casos que ocorrem em algumas pessoas e em outras não.”

Riscos

Segundo define o autor da tese, José Eduardo Marques Pessanha, a pesquisa é um alerta para um risco em potencial que a dengue traz. “O que faz com que algumas pessoas tenham casos brandos e outras mais graves? Para muitas pode ser um organismo com baixa imunidade ou talvez a possibilidade de ter sido a picada de mosquito que carregava dois vírus. Vamos ir a fundo nessas questões”, promete, destacando que o estudo foi apresentado em um Congresso em Cancún, no México, e será publicado em revista brasileira de medicina tropical.
(Fonte: Estado de Minas)